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Foto do escritorBia Carvalho

Tudo começa com uma página em branco...


Daí você termina um livro... vem aquela sensação de missão cumprida, começa a sentir saudade dos personagens e promete que vai dar uma folga para seus dedos e tirar "férias" de criar histórias.


Ah, sabe de nada, inocente...


O dia seguinte amanhece, e você percebe que sonhou a noite inteira com um novo enredo; aquele que parece ser O livro (pelo menos até você começar a escrever um novo). Percebe, também, que sente quase uma necessidade de colocar tal história para fora, como em um exorcismo... precisa iniciar aquela obra para se livrar dos personagens que parece que se instalaram em sua mente de mala e cuia.


E agora? O que fazer?


É ai que tudo recomeça.


Criar é parte de um ciclo sem fim. Quando você pensa que já se esvaíram as ideias, outras surgem como um novo amanhecer. E lá está o escritor outra vez passando noites insones, estruturando todo o esqueleto da obra, fazendo fichas de personagens, roteiro, diagramas, esquemas, pensando em cenas intermediárias (que são sempre as mais difíceis), idealizando cenários, descrições, títulos e inícios.


Eu, por exemplo, sou aquele tipo de escritora que quando não estou desenvolvendo um romance, sinto-me como uma viciada em abstinência. Isso se tornou um vício para mim, é parte de quem eu sou, algo que me faz ter orgulho todos os dias. Até porque, escrever é a parte fácil de todo o processo... é apenas o início do trabalho. Depois é que a batalha começa.


Todas as etapas do nascer de um livro, durante seu processo de escrita, são muito divertidas. Idealizar o destino de personagens faz com que tenhamos um poder imenso, uma sensação de que nos tornamos criadores ao invés de permanecermos como meras criaturas; contudo, nada é tão fascinante quanto o início, o momento em que pegamos uma tela (ou página) em branco e começamos a preenchê-la com os frutos de nossa imaginação. O instante em que escrevemos a primeira palavra, a primeira frase e que começamos a dar forma ao romance, ao mistério... quando apresentamos nossos personagens e lhes damos vida.


A arte de escrever é muito mais intensa do que simplesmente jogar palavras em um papel. Jogamos muito de nós também no trabalho... cada livro é um pedaço de nós.


E lá vou eu derramar um pouco mais de mim em um novo projeto...

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