top of page
Qualis - Comunicação

Prólogo de Saciada - Vanessa de Cássia


Nunca me senti plenamente completa, flutuando, arrebatada, e o que mais acho sensacional, pois busco constantemente em minha vida sexual: saciada. Olha que acabei de me masturbar e não me sinto satisfeita! Inferno, eu nunca estou! O máximo que consigo é sentir-me relaxada. Só. Bem, já é alguma coisa. Não posso reclamar cem por cento da minha vida. Sexualmente falando. Isso é um saco, eu sei, acabo sempre pensando demais e fico frustrada com pouca coisa, sendo que, nesse exato momento, estou me preparando para mais uma noite agitada, regada a muito sexo louco e despreocupado. Dançarei até meus pés pedirem arrego. E vou beber até esquecer quem sou! Ok, nessa última parte há um fundo de mentira, pois uma pessoa não me deixará causar. E, vem cá, das três coisas que pensei somente a última é mentira? Nossa, eu sou mesmo uma impudica pervertida! Dei um sorrisinho sacana para o espelho, admirando a moça que refletia. Eu estava ansiosa, como todas as vezes! Meus olhos refletiam um brilho ambicioso e um ardor novo. Meus lábios já formigavam de anseio por receber muitos beijos picantes. Estava com as bochechas rosadas, não pelo blush que passei há quinze minutos, mas corada pelo meu esforço de cinco minutos atrás! Onde usei bem as minhas promíscuas habilidades.

Meu corpo todo gritava com urgência. Talante. Vulcânico. Enérgico... Pronto para ser usado e abusado! Fitei com cuidado se tudo estava no lugar: √ Botas pretas de salto alto, check. √ Vestido preto colado ao corpo, com um decote exagerado, check. √ Batom vermelho nos lábios e cabelos soltos, double check! Falar que eu não me sinto sexy, maravilhosa e que sou uma coitadinha que não consegue ser correspondida na cama, seria uma balela ridícula. Eu me venero e me curto literalmente. Faço do meu corpo o que bem quiser. Sou livre e pretendo curtir o quanto me der na telha. Não ligo muito para o que as pessoas falam, e pouco me importo com o que pensam sobre minha vida. O que mais aprecio é viver bem comigo. Acredite, sou um desafio para qualquer homem. E não falo isso apenas sexualmente, digo no sentido de personalidade; eu sou terrível, geniosa, difícil de lidar. Só quero as coisas do meu jeito. E também há outro defeitinho que alguns homens não aguentam em mim: sou viciada em sexo. Eu gosto mesmo! Saí do devaneio ao terminar de me arrumar, peguei a bolsa vermelha que estava no aparador, apaguei a luz da sala e abri a porta. Iria esperá-lo no corredor que separava nossas casas. Ele mora na mansão da frente, e eu fiquei com o pequeno sobrado aos fundos de seu grande quintal. Isso já faz uns sete anos! Como o tempo passa... Aguardei sentada em minha varanda, olhando para o quarto no andar de cima, eu podia vê-lo andando de um lado ao outro, e uma dessas vezes com o celular na orelha. Deveria estar combinando algo quente com alguma gata. Esperei ele descer para irmos mais uma vez para a farra! Novamente vou ao Luxuria Club com Lucas! Mas nem se empolgue, ele é apenas meu amigo. Não! Cacete! Lucas é o meu MELHOR amigo! E não é amizade colorida, não mesmo, realmente nunca teríamos coragem de trepar. Isso seria insano, louco e esquisito. Realmente está fora de cogitação! Na verdade, Lucas Campello é um rapaz sensacional, lindo, amável, mas também é o nerd barbudinho, descolado e o melhor é que curte uma safadeza desvairada como eu. E com isso, vamos juntos a diversas casas de Swing! Muito louco, não? Bem, na verdade nem tanto, é um prazer absurdo e incomparável. Como não temos ninguém que nos prenda, e nesses lugares precisa estar sempre acompanhado, então fazemos isso na maior cara de pau! Já o vi centenas de milhares de vezes nu e fodendo loucamente, e ele? Aff, nem se fala, já deve conhecer cada pintinha existente do meu corpo! Somos bons no que fazemos, mas o sexo sempre aconteceu separadamente. Lucas tem os seus gostos, e eu tenho os meus. Nunca misturamos ou nos intrometemos em nossos interesses. Cada loucura com seu dono. Conhecemo-nos quando eu tinha cinco anos, seus pais se mudaram para a casa ao lado da minha. Foi uma festa, pois sempre fui muito sozinha; não tenho irmãos, e quando a família grande de Lucas apareceu por lá, surtei geral. Então, desde aquela época, fizemos um juramento de sempre proteger um ao outro, de qualquer situação. E até hoje somos assim, os melhores amigos. Que não confundem nadinha. Lucas se mudou naquela época com seus pais, dona Julieta e Sr. Leandro, e mais três irmãos, sendo Lucas o caçula mimado com cinco anos; Luana, a mocinha rebelde de sete; Lúcio, o menino lindo desde cedo com seus nove anos já maliciosos; e finalmente Luís, o nerd esplendoroso e paradigma para Lucas durante toda a sua infância. E não podia faltar o primo Edgar de seis anos que passou uma temporada com eles. Morávamos em São Bernardo, numa rua com casas grandes, com todos os vizinhos alegres e sempre em harmonia. Tudo era tão perfeito... Depois que crescemos, vimos que as coisas não funcionavam bem assim no mundo adulto. E com isso, Lucas e eu tomamos nossos caminhos. Traçamos nossas histórias, e é por isso que hoje dividimos o mesmo quintal. Viemos para o centro de São Paulo, numa casa que seu pai lhe deu de presente. Como estávamos aqui para nos especializar e arrumar um ótimo e merecedor emprego, Lucas me ofereceu o sobradinho dos fundos. Eu, como uma boa menina, aceitei. E estou aqui até hoje! Lucas vive sozinho numa puta mansão. Sério, é muito grande. Quartos à vontade, banheiros imensos, sala que sempre damos festas e mais festas. A minha não é de se jogar fora, é pequena, mas toda ajeitadinha e generosa. É um estiloso sobrado de quatro cômodos que me faz muito feliz. Não é meu, mas como o próprio Lucas diz: sinta-se à vontade, a casa é sua. Então a tenho como minha! Tem uma varanda encantadora que deixei toda caprichada e feminina. A sala e a cozinha são no andar de baixo. O escritório e quarto são no andar de cima. Tenho apenas o básico de que preciso para viver, não curto bibelôs de forma alguma. Quando vim para cá, aos vinte anos, meus pais não ligaram muito, pois já estava na hora de eu voar e ser livre. Ainda fui tarde, minha mãe sempre dizia que eu fugiria com quinze. É que o Lucas não quis se arriscar, senão teríamos vindo com toda certeza! Então quando nos formamos, viemos para nos especializar em nossa área. E foi a melhor das escolhas, já éramos adultos e sabíamos o que queríamos. Durante esses anos, tudo foi se encaixando perfeitamente. Tenho vinte e sete anos, Lucas vinte e oito. Sou de escorpião, Lucas também. O que é um saco maior, é que nos conhecemos tão bem que dá até medo. Digo, sexualmente falando. Sou solteira, Lucas também. Amo sexo, bem, nem preciso dizer que ele também. Eu sou publicitária, trabalho na ArtFun – um dos maiores grupos de comunicação do Brasil – e me sinto muito orgulhosa por fazer parte dessa equipe. Lucas é um nerd tarado, Engenheiro da Computação que trabalha na mais fodida empresa do mercado internacional onde é o Gerente-Responsável-BamBamBam-Da-Porra-Toda na área de TI da CompyEng. Eu ganho por mês cinco mil reais e já acho suficiente. Paga as minhas contas, roupas caras, meus chocolates de cada dia e as viciosas balinhas de gelatinas em forma de ursinho! E claro, minhas infindáveis noites paulistanas. Lucas ganha em torno de trinta paus por mês! Isso mesmo, eu também arregalei os olhos e gritei: caraaaaalho!, quando ele me disse tão despretensiosamente essa notícia. Além do mais, ele pode gastar o quanto quiser, ganhando o que ganha, eu limparia a bunda com notas de cem! Quando me informou sobre esse grande fato, fomos comemorar numa boate chiquérrima e caríssima com muita bebida e diversão, e eu lhe dizia o tempo todo: Você vai me sustentar! Ele não negou, e é o que faz constantemente em minha vida. Cuida de mim e de nosso vício. Olhei mais uma vez para a nossa casa e sorri alegre com tudo o que a vida sempre nos ofereceu de bom grado. É de se ajoelhar e rezar em agradecimento, mas ultimamente só estou ajoelhando para fazer coisas mais interessantes! Mas enfim, vamos deletar essa imagem deliciosa e se concentrar no cara que estava trancando a porta da sal. Levantei e caminhei até meu melhor amigo cheiroso. Nossa, o Lucas é sensacional! Cheguei bem pertinho dele e ronronei um gemido que deixa qualquer homem louco. — Uau, eu quero você essa noite... Cerrei os olhos, mirando nos seus azuis sedutores. Ele fitava meu sorrisinho sacana, então aproveitei e mordi a pontinha da boca. Logo em seguida fiz com que meu lábio inferior fizesse um biquinho atrativo e assim que senti seu fogo, gargalhei, mostrando ser muito provocadora. Seu olhar ferveu sobre minha pele, fazendo um pequeno festival de arrepios. Lucas analisou meu descompasso ao notar suas intenções. Sempre boas, claro. — Meg, por favor, não estraga a minha noite! — seu sussurro fez com que meus mamilos endurecerem contra o vestido, mas ele gargalhou junto com sua maldosa resposta. Em seguida, deu-me um beijo molhado na bochecha. Merda, não, o beijo foi pertinho da boca. E era aquele que deixa o formigamento na garganta. Tive que pigarrear para espantar a sensação boa de tesão.

Quebrando esse instante cálido, Lucas grudou em minha cintura me levando para a garagem, e dali iríamos nos divertir! Agora, eu vou contar como é que tudo aconteceu em nossa vida e como é que segue nossos dias. Seja aberto e não pule nenhuma linha, pois cada detalhe é crucial e saboroso. Vamos, sejam bem-vindos e saciem-se com a gente!

19 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page