"Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre, sem saber
Que o pra sempre, sempre acaba"
Há pessoas que surgem em nossas vidas com um propósito. A maioria delas chega para ensinar alguma coisa. Claro que nem sempre essas coisas são boas. Às vezes, na infância, encontramos um amigo que apenas nos apresenta nosso primeiro palavrão, que se torna parceiro de crime em nossa primeira travessura - e, consequentemente, em nosso primeiro joelho ralado -, ou que apenas nos mostra uma música que vamos carregar para o resto da vida.
Outros desenham marcas mais profundas nas nossas almas. Ficam por anos, constroem histórias conosco, arquitetam momentos, plantam lembranças especiais. Com esses, acreditamos que íamos envelhecer juntos, participar do futuro, que nossa amizade se perpetuaria em filhos e netos, que passaríamos Natais contando sobre o passado para as famílias que construiríamos... Mas nem sempre as coisas funcionam do jeito que planejamos.
O tempo passa, as responsabilidades chegam e nos vemos cada vez mais atribulados com a vida, que nos cobra um preço muito alto para que alcancemos o que acreditamos ser a felicidade. Telefonemas começam a ser a alternativa. Depois apenas mensagens em mídias sociais, que vão rareando conforme as tarefas vão aumentando. Encontros se tornam mais esporádicos, até se resumirem a pequenos revivals uma vez ao ano.
Não é que a gente deixe de amar aquela pessoa... é só que outras vão chegando e se encaixando melhor em nossas rotinas. Alguns gostos vão mudando também com a maturidade, e o que tanto tínhamos em comum com aqueles amigos do passado tornam-se diferenças. Não que elas atrapalhem, só que não criam mais os elos aparentemente tão inquebráveis.
Volta e meia nos pegamos lembrando de pedaços da nossa história e nos perguntamos como deixamos que essas separações acontecessem. Lamentamos a falta de atenção que temos com pessoas que nos são tão especiais. Porém, por mais que juremos que passaremos a fazer tudo diferente, sempre vamos deixando pessoas pelo caminho. E isso não é um erro, é apenas uma evolução da vida. É apenas uma forma de renovar nossos aprendizados e de nos proporcionar novas experiências.
Não tente forçar amizades ou intimidades que não existem mais. Não tente burlar o destino, porque a própria vida proporciona os reencontros que precisam acontecer. E também não tenha medo de desistir daquele amigo que não te faz mais bem ou que parece não estar mais na mesma sintonia. Talvez o tempo daquela pessoa na sua existência já tenha passado e agora é necessário seguir em frente.
Ainda assim, as memórias sempre estarão aí para que tudo tenha valido a pena.