Recentemente, uma humorista da qual gosto muito usou esta frase, "Confia no Tempo", e eu decidi refletir sobre ela.
É engraçado que quando somos muito jovens acreditamos que o mundo se resume àquela vidinha que construímos. Acreditamos que tudo é muito mais visceral do que realmente é, que as coisas são definitivas e que jamais iremos nos recuperar das dores, das decepções e das derrotas. As vitórias parecem sempre ínfimas se comparadas às mágoas às quais somos apresentados.
Apaixonamo-nos com desespero, esquecemos e nos apaixonamos de novo. Uma, duas, três vezes. Em todas juramos que é o amor de nossas vidas. Ao menos por uma semana, às vezes um mês. Temos plena certeza de que iremos morrer solteiras, com dez gatos no colo, lendo Jane Austen e assistindo comédias românticas em looping durante os finais de semana. E isso porque temos apenas vinte anos.
Os anos vão passando e algumas histórias vão surgindo e se afastando. Algumas pessoas também. Pessoas que juramos que fariam parte de nossas vidas para sempre; amigos que se tornaram essenciais, mas que, com o passar do ano, começam a não serem tão importantes assim, dando lugar a outros. As paixões também passam a perder importância e tendemos a querer coisas diferentes cada vez mais.
Nós vamos nos tornando mais importantes para nós mesmos também. Carreira, família, escolhas, sucesso... passamos a escolher o que realmente nos faz bem ao invés de cair nas armadilhas mais evidentes só porque acreditamos que é a escolha mais prazerosa.
As mudanças são gradativas, mas podem ser sentidas diariamente. Nossa aparência também começa a diferir, principalmente porque aprendemos a cuidar de nós mesmos, a usar o que realmente nos cai bem. Apuramos nossos gostos por filmes, músicas, comida, perfumes; temos mais preocupação com saúde, com a hora que vamos para cama, com a alimentação e com o que nos faz bem.
A maturidade é abençoada. Assustadora, é claro, porque envelhecer é parte do processo e ela, cruelmente, nos torna... Bem... como dizer?... Mais velhos. É algo que não nos permite escapatória. Os anos passam, inevitavelmente, e nós vamos passando com eles. Mas apesar de isso nos trazer mais rugas, mais estrias, celulites, problemas e preocupações, também nos proporciona uma tranquilidade de espírito que é difícil de se conquistar de outra forma. Eles nos trazem muitos tipos de aceitações, aprendemos a ponderar mais as coisas e, ao menos na maioria dos casos, construímos nossa personalidade da melhor forma possível.
O tempo é visto quase sempre como um inimigo, porque ele nos tira muito, mas também nos dá uma imensidão de coisas. Normalmente é o melhor remédio, o melhor amigo que podemos ter, quando acreditamos em seu poder. É ele que coloca a mão nos nossos ombros, cheio de promessas que irá cumprir. É ele que nos molda, que nos cura, que nos dá diferentes escolhas, para diferentes caminhos.
Confia no tempo. A tempestade sempre passa.