Hoje nós vamos "fugir" um pouco da ortografia, embora não totalmente, porque eu decidi trazer algumas diquinhas para você que terminou agora ou de escrever um livro, uma dissertação, um conto ou qualquer outro texto.
Todo mundo sabe que a primeira versão de um manuscrito é sempre um rascunho. Erros de ortografia, de coesão, de continuidade e muitas vezes pequenos buracos são deixados. É normal e ninguém precisa se materializar por isso.
Exatamente por causa deste detalhe é que torna-se tão importante lapidar o texto como se esta primeira versão fosse um diamante bruto. Só que não é um trabalho fácil. Então, seguem algumas diquinhas de como fazê-lo de forma mais eficiente e simples:
1- Dar um tempo para o texto esfriar
A não ser que você tenha algum deadline de editora ou para entregar o trabalho, guarde-o na gaveta por algum tempo e só depois o pegue para corrigi-lo. Este tempo podem ser dias, semanas, meses; dependendo do prazo que você tem disponível.
Este distanciamento do texto permitirá que você o leia com mais imparcialidade, como se fosse um leitor de fora.
2- Usar uma versão impressa
Claro que nós sabemos que nem sempre é possível imprimir 200, 300 páginas, que muitas pessoas não possuem impressora em casa, mas se houver a oportunidade, faça. Com o texto na mão, usando caneta vermelha e marca-texto, você tem a praticidade de levá-lo para qualquer lugar (banco, ônibus, fila de mercado), o que adiantará e muito o trabalho. Além disso, conforme as alterações são passadas para o computador, você já vai revisando de novo.
3- Ler o texto em voz alta
Ouvir sua própria história em voz alta permite que você sinta o ritmo da narrativa; se houver diálogos, facilita para discernir se estão convincentes e reais; e ajuda a pegar erros de concordância. Também auxilia para a verificação da pontuação (vírgulas e pontos). Esta técnica contribui e muito para que o texto fique mais fluido para o leitor;
4- Não tenha medo de fazer cortes
Quando estamos escrevendo, muitas vezes colocamos cenas ou trechos que não são exatamente relevantes para a narrativa. Muitos chegam a ser repetitivos ou desnecessários, o que é muito normal. Por isso, fazemos a lapidação. Para vocês terem ideia, meu manuscrito de ALVORADA, meu livro publicado pela Qualis tinha 114.000 palavras em sua primeira versão. Quando eu entreguei à editora, ele ficou com 99.000.
Todas as vezes que estiver em dúvida sobre cortar ou não um trecho de um livro, analise como leitor. É uma parte relevante para a história? Vai fazer alguma diferença na personalidade do personagem, no relacionamento do casal? Claro que você pode deixar cenas mais corriqueiras e irrelevantes, caso tenham algum apelo emocional ou que sejam bem construídas. Não seja tão radical também!
5- Use um dicionário de sinônimos
Com o Google, isso ficou muito mais fácil. Um texto com muitas repetições de palavras dá uma sensação de empobrecimento. Muitas vezes, aliás, você consegue até encontrar um sinônimo que se adeque melhor à ideia que precisa ser passada. Não se preocupe em encontrar palavras com significados exatamente iguais, podem ser similares, desde que transmitam a mesma mensagem.
Espero que estas dicas possam te ajudar a revisar e lapidar seu texto. Sei que é um momento de trabalho árduo e que exige muita concentração, portanto, boa sorte!
Ah, mas não esqueça um detalhe importante. O autor precisa ler e reler seu texto várias vezes até encontrar a melhor versão possível dele. Contudo, nada substitui o trabalho de um revisor. Por mais que você seja craque em português, provavelmente a proximidade com o trabalho irá te prejudicar. Não deixe de enviar o manuscrito para um profissional da área, mesmo que ele vá ser revisado por uma editora depois. É obrigação do autor entregar um texto o mais perfeito possível.
BIA CARVALHO tem 31 anos, é carioca e autora da Trilogia das Cartas, cujos direitos foram adquiridos para publicação na Argentina, pela Ed. DeCiutiis, e do BestSeller da Amazon, Horas Noturnas. Em 2016, seu conto Ao Anoitecer foi publicado na antologia O Livro Delas, pela Editora Rocco, oriunda do projeto LitGirls Br.