Pegando o embalo da nova novela das 18h da Rede Globo, decidimos colocar este assunto em pauta — Adaptações literárias. Será que elas ajudam à obra a se tornar mais famosa ou a prejudicam?
A novela Orgulho e Paixão estreou nesta terça-feira, dia 20 de março, com uma proposta interessante: unir várias obras de Jane Austen em um único folhetim e misturar seus personagens em uma única trama. Temos três das irmãs Bennett (Jane, Elizabeth e Lydia), de Orgulho e Preconceito, sendo também irmãs de Marianne Dashwood, de Razão e Sensibilidade, e Catherine Morland, de A Abadia de Northanger. Todas elas são amigas de Emma Woodhouse, de Emma; além de muitos outros personagens espalhados.
Muito foi especulado antes mesmo de a novela começar, principalmente durante o anúncio do elenco. A escolha mais criticada foi Thiago Lacerda como Darcy. Este é um personagem que vive no imaginário feminino há muitos anos, e ele foi eternizado no cinema por dois atores que são considerados perfeitos para o papel. Na minha humilde opinião, não haveria um ator nacional melhor para interpretar tal personagem, e a verdade é que ele tem surpreendido positivamente pelo que já pudemos observar.
A novela parece estar agradando até mesmo a um público que se desacostumou a ligar a televisão para assistir a estes folhetins. Talvez possa ser um incentivo para a Rede Globo trazer mais obras literárias para a telinha, o que seria, sem dúvidas, proveitoso para todas as partes.
Mas saindo um pouco do assunto novela, a verdade é que lá fora - na gringa -, temos adaptações literárias indo para os cinemas em produção industrial. A maioria do catálogo de lançamentos de filmes é de obras já conhecidas pelo público, seja de livros, HQs, jogos... Dizem que se trata de uma crise em Hollywood, que não consegue mais encontrar roteiros originais bons o suficiente para renderem filmes de sucesso. Acredito que isso faça sentido, sim, mas também me parece que a indústria literária tem aumentado muito lá fora. Claro que, principalmente nos EUA, sempre tivemos muitos e muitos livros sendo lançados, mas atualmente este número ganhou força. Os jovens estão lendo cada vez mais no mundo inteiro - menos no Brasil, infelizmente, mas este número cresceu também -, e isso influencia no produto como um todo.
Somente neste ano de 2018 já tivemos adaptações de "Me chame pelo seu nome", "Com amor, Simon", "Jogador nº1", "Uma dobra no tempo", "Maze Runner 3", fora muitos outros que vieram e ainda virão. Sem contar, também, os badalados filmes de herói, que se originam de quadrinhos. Faço um desafio, aliás. Olhe a agenda de lançamentos do cinema mais perto de você e conte quantos roteiros originais encontrará. Ah, mas não esqueça de pesquisar se é original MESMO. Muitas vezes pode ser de outra fonte que você desconhece.
Além de adaptações literárias, há muitos remakes e continuações de sagas. Novidades? Pouquíssimas. Isso, sem contar as produções Netflix e de outros serviços de streaming baseadas em livros também.
E não seria mera coincidência que muitos dos livros que vão para as telinhas se tornem best sellers, não é mesmo? Uma coisa puxa a outra, então, há uma grande valia em que a história vire diferentes tipos de produtos, mesmo uma novela, que a gente sabe que irá distorcer um pouquinho a história, mas irá valer a pena, se incentivar mais gente a pegar a fonte original e conhecer nossa maravilhosa Jane Austen!