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Qualis - Comunicação

Discussão #1 - Literatura de mulherzinha???


Estima-se que 59% da população de leitores do Brasil é composta por mulheres. Atualmente, no mercado editorial, pode-se dizer que 65% dos escritores que ocupam estandes em Bienais e prateleiras em livrarias são do sexo feminino. Atualmente, os livros considerados como literatura de mulherzinha (chick-lit, romances de época, romances, dramas, eróticos, dentre outros...) são as grandes apostas das editoras...


Mas, por que então, ainda existe tanto preconceito?


Historicamente, a mulher sempre viveu à sombra do homem, em todas as áreas. Contudo, o primeiro romance de que se tem conhecimento foi escrito por Murasaki Shikibu, uma mulher no ano de 1007, chamado “A História de Genji” e que retrata o Período Heian da história do Japão. Até hoje, a literatura mundial conta com nomes importantes como Jane Austen, Agatha Christie, Clarice Lispector, Margaret Atwood e J.K. Rowling, por exemplo.


Ainda hoje, há um estranho consenso de que mulheres devem produzir obras românticas, simples e leves; enquanto os homens são mais capacitados para tramas com mais reviravoltas, como o suspense, thriller e a fantasia. Exatamente por este motivo, pelo medo de sofrerem preconceito, é muito comum que escritoras utilizem pseudônimos para conseguirem sucesso com suas obras. É o caso de J.K. Rowling e de P.D. James, ambas autoras que se aventuraram -se em gêneros onde o preconceito é ainda maior, que são: a fantasia e o suspense policial.


Mas não são apenas as escritoras que sofrem preconceito, o gênero como um todo sofre com isso. A "literatura feminina" é considerada inferior, por tratar de temas como amor, paixão, sexo e dilemas cotidianos. O chick-lit, por exemplo, é uma das vertentes do romance para a qual as pessoas mais torcem o nariz, por lidar, de forma descontraída, em sua maioria, com problemas de mulheres mais maduras, como: divórcio, casamento, filhos, carreira, autoestima, amizade e família.


Outro gênero que arranca grandes discussões em relação à sua qualidade é o erótico. Depois do boom de "50 Tons de Cinza", uma grande gama de títulos do mesmo estilo foram surgindo, trazendo à tona uma discussão pertinente sobre a sexualidade feminina e a importância desse tipo de literatura para a libertação da mulher em relação a assuntos que sempre foram considerados tabus para elas. Muitas pessoas afirmam que este tipo de literatura não apresenta nenhum assunto relevante e que as obras não contém uma história formada, apenas cenas sensuais preenchendo as páginas.


Em uma pesquisa realizada com algumas leitoras, coletamos opiniões sobre o assunto. Stephanie Back, estudante de veterinária, 20 anos, afirma que para ela o que realmente importa é a qualidade da escrita do autor, sendo ele homem ou mulher. Já Thamires Silvia, estudante de contabilidade, 26 anos, acredita que o que realmente falta para mulheres que se aventuram fora do gênero romance é espaço e respeito. Ao entrevistarmos um leitor do sexo masculino, Daniel Silva, analista de sistemas, 31 anos, a opinião é muito similar. Ele afirma que nunca sentiu preconceito no momento de comprar um livro, seja ele de um autor ou autora.


A verdade é que é impossível julgar as preferências de outra pessoa. Há livros e gêneros para todos os gostos, e cada um precisa ser respeitado e levado em consideração. Em um país onde a literatura ainda é uma vertente cultural tão menosprezada e deixada de lado, somente o fato de as pessoas estarem lendo deveria ser um feito a ser comemorado, não julgado ou ridicularizado. A literatura precisa ser fonte de cultura, é claro, mas também de entretenimento. A intenção depende apenas do leitor.


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